A Trupe Arlequinos & Colombinas foi fundada em 2016 com o encontro de artistas e músicos, dentro da Oficinas Oswald de Andrade. Os seus primeiros trabalhos partiram de estudos de oficinas de bufão, circo, contação de história, música e dança contemporânea. Com essa mistura começaram a surgir nossas primeiras criações, ensaiamos do casarão da vila Guilherme, na Vila Itororó, na Oswald de Andrade e outros espaços culturais da Zona Norte.

       O primeiro experimento foi a construção de um Teatro de Lambe – Lambe com a utilização de matérias recicláveis e um estudo de histórias infantis sobre a cultura negra. O livro condutor para chegar na nossa história foi “O cabelo de Lelê” da autora Valéria Belém, que levava a criança de forma lúdica a compreender a origem da sua ancestralidade. Com essa bagagem criamos a história “Cachinhos de Lalá”, que foi apresentada nas Escolas Estaduais de Araraquara, os alunos participavam de uma aula sobre o Teatro de Lambe- Lambe e depois assistiam individualmente a história.

      “A terra do sonho e o sonho da terra” foi uma criação coletiva do grupo, abordamos questões como sustentabilidade e preservação do meio ambiente, com essa peça passamos em alguns espaços culturais da zona norte e escolas públicas, como não tínhamos verba criamos nosso cenário a partir de materiais reciclados, proposta que já dialogava com o tema da peça, tivemos ajuda de catadoras e moradores da região para coletar o material necessário.

         “Um dia, em um sonho”  também é uma criação coletiva, a história conta a trajetória da menina Ana, uma moradora de rua que tem o sonho de escrever um livro, assim como acontece em histórias de Benê, essa peça é baseada em vivências reais com as crianças moradoras de rua que encontramos pelo caminho, foi aqui que começamos a prestar atenção na quantidade de crianças com deficiência que muitas vezes são ignoradas pela arte,  a partir daí começamos a procurar, pesquisar e testar a linguagem de libras lúdicas nos nossos processos .

        A Trupe vem buscando e estudando sobre Circo-Teatro no Brasil, desde a sua forma de apresentação, música, figurinos e toda a magia que envolve as pequenas cidades. Com todas essas experiências sentimos a necessidade de buscar a música para complementar a nossa criação. Fizemos uma Oficina de Musicalização com Pax Bittar que despertou nosso lado sensorial e musical, essa descoberta virou uma chave importante para nós; o poder da música e a curiosidade dos pequenos com os instrumentos, assim aprendemos mais uma ferramenta para nos comunicar com as crianças.

        Com essa bagagem criamos o espetáculo “O Circo da Lua” que conta o dia a dia de uma família circense, com muito mistério e palhaçada. A Trupe foi contemplada com esse espetáculo no Festival de Teatro Infantil – Ariovaldo dos Santos de Araraquara de forma remota, um momento provocador em adaptar toda a estrutura circense em uma tela e com as atrizes separadas nos seus espaços.

        A nossa busca acabou nos levando para outra Oficina que já havia chamado nossa atenção, a de Libras (Linguagem Brasileira dos sinais) com Cleusa Araújo, a libras além de linguagem importantíssima com a parcela de pessoas deficientes auditivas é imageticamente lúdica e atrativa para o público infantil, depois de todas esses estímulos fomos guiados para um novo experimento; criar uma peça com música, libras e muita magia.

    Atualmente desenvolvemos o espetáculo bilíngue “ As histórias de Benê”, que os atores dialogam com Libras e Língua portuguesa de forma que torna mais acessível para diferentes públicos.